quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Brasil tem o segundo maior ingresso de dólares da história em 2011


Deu no G1:

A entrada de dólares na economia brasileira superou a saída da moeda em US$ US$ 65,27 bilhões em todo o ano de 2011, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (4). O valor representa o segundo maior ingresso anual de dólares da história, perdendo apenas para 2007, quando entraram US$ 87,45 bilhões no país.

Na comparação com o ano passado, o crescimento foi de 168%, uma vez que a entrada líquida de dólares somou US$ 24,35 bilhões em 2010.

O Banco Central lembra que em 2011, até novembro, houve o ingresso de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira. Os juros altos (a taxa brasileira real, ou seja, descontada a inflação, ainda é a mais alta do mundo) também contribuem para a entrada de divisas no país, segundo analistas.

Impacto na cotação do dólar
O ingresso de recursos no país, que foi registrado em todo ano passado, teoricamente favorece a queda do dólar, segundo analistas. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar mais baixo.

Entretanto, a maior parte dos dólares que ingressou na economia brasileira foi absorvida pelo próprio Banco Central, por meio de operações de compra de divisas nos mercados à vista e a termo. A autoridade monetária adquiriu US$ 50,1 bilhões no ano passado. Os recursos adquiridos vão para as reservas internacionais brasileiras, que subiram US$ 63 bilhões em 2011.

Sem as aquisições de divisas por parte da autoridade monetária, a moeda norte-americana possivelmente teria operado abaixo de R$ 1,50 no primeiro semestre do ano passado – prejudicando as exportações brasileiras, que se tornam mais caras com a queda da cotação do dólar.

Efeito da crise
Apesar do ingresso de recursos na economia, quase totalmente absorvido pelo BC, a moeda norte-americana encerrou o ano de 2011 com alta de 12,15%, a maior desde 2008.

A disparada do dólar aconteceu nos últimos meses do ano passado por conta dos efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Foi a segunda maior valorização entre sete países da América Latina.

Em momentos de crise, tradicionalmente investidores retiram recursos de países emergentes para cobrir resultados negativos em outros lugares, ou optam por investimentos considerados mais "seguros", como títulos da dívida norte-americana.

Previsão para 2012
Para o economista Sidnei Moura Nehme, da NGO Corretora, especialista no mercado de câmbio, o fluxo cambial deve ficar neutro em 2012, ou seja, sem um forte ingresso de recursos, ao contrário do registrado no ano passado. Com isso, ele espera que a taxa de câmbio, atualmente por volta de R$ 1,82 por dólar, suba para um patamar entre R$ 2,15 e R$ 2,20 por dólar no fechamento deste ano.

"O câmbio pode ser grande vilão para a tendência do governo reduzir mais a Selic. Neste nível [por volta de R$ 2,15], pode exercer alguma pressão inflacionária. Mas também pode contribuir de forma indireta para o crescimento do PIB. Se o dólar sobe, isso inibe a importação de insumos importados e aumenta o grau de nacionalização dos produtos", declarou ele.

Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira - que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Os dados da autoridade monetária mostram que houve a entrada de US$ 21,32 bilhões pela conta financeira em todo ano de 2011. Estes recursos ingressaram, principalmente, nos primeiros meses do ano passado. Nos cinco últimos meses de 2011, houve mais saída do que entrada de dólares pela conta financeira - por conta da crise externa. Em 2010, US$ 26 bilhões haviam ingressado no Brasil por esta conta.

Já pela conta comercial, segundo o BC, foi registrado um ingresso de recursos no valor de US$ 43,95 bilhões em todo ano passado. Ao contrário da conta financeira, os dólares começaram a entrara no Brasil com mais intensidade, pela conta comercia, no fim de 2011 - quando a cotação da moeda norte-americana disparou. A explicação é que, com a subida da cotação do dólar, exportadores podem ter aproveitado para "internalizar" os recursos e obter mais reais. Em 2010, US$ 1,65 bilhão deixaram a economia brasileira por esta conta.

COMENTANDO A NOTÍCIA

Os investidores internacionais vêem nosso país como um bom destino para realizar investimentos, já que temos uma taxa de juros acima de dois dígitos, o que rende boa margem de rentabilidade. Vale ressaltar  ainda que dólar baixo prejudica o setor de exportação e favorece as importações, tornando os produtos de fora mais baratos que os nossos, o que prejudica as marcas Made in Brazil. 

A estagnação da economia européia e a crise na economia dos EUA contribuiu de certa maneira para esse grande fluxo de capital para nossa economia. Somando-se a isso, tivemos aumento do poder de consumo da nossa população, principalmente das camadas sociais mais pobres. Temos que aproveitar melhor as oportunidades e criar estímulos para que nossas indústrias produzam, contratem, fazendo assim com que os indicadores sócio-econômicos melhorem. 

O Brasil, dentre as economias dos BRIC´s, é uma das mais confiáveis de se investir. Somos uma democracia, apesar de imperfeita. A inflação está dentro da meta do governo. Não estamos envolvidos em conflitos geopolíticos com nossos vizinhos, isso cria ambiente bom para o recebimento de investimentos externos. Há um volume considerável de reservas cambiais, o que nos protegerá de eventuais ataques especulativos externos.

Necessitamos avançar em temas como reforma da previdência, reforma tributária e fiscal, realizar investimentos em setores estratégicos e combater a corrupção e sonegação de impostos.

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