segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nem socialista, nem capitalista, sou social-desenvolvimentista!

Não morro de amores pelo capitalismo. Tampouco meu espírito se enche de cólera ao falar sobre a doutrina socialista.  Defendo uma terceira via. A do social-desenvolvimentismo.

As ideologias em suas formas puras, fechadas e inquestionáveis dogmaticamente podem se converter em perigo, caso ganhem ampla aceitação social. Para mim, ambos os modos de produção possuem características positivas e negativas. 

O capitalismo impulsiona a inovação e o progresso tecnológico por meio de uma sociedade de consumo, o socialismo busca a igualdade social e o fim da exploração patronal do homem pelo ser humano.

O liberalismo de base smithsoniana é nocivo, pois se alicerça no mecanismo de auto-regulação do mercado (a mão invisível), consequentemente, é desejo do patrão que os salários dos trabalhadores sejam demasiados baixos para ampliar a margem de lucratividade.

É do interesse dos grupos econômicos dominantes ver o Estado com funções reduzidas no tocante a gerência de mecanismos macroeconômicos, pois crêem que isso inibe a livre-iniciativa. A anarquia liberal gerou uma euforia econômica ao qual se cristalizou a não-capacidade de absorção do que fôra produzido por indústria pelos mercados, isso ficou claro na crise de 1929, a maior do capitalismo. 

Com a crise e o pós-guerra, as idéias de Maynard Keynes preponderaram sobre as de Adam Smith. A reconstrução econômico-financeira dos países exigia a tutela do Estado. 

Com a desregulamentação de mercados financeiros, processo que se iniciou a partir dos anos 70 e teve nas décadas de 80 e 90 do século XX como apogeu da concepção de "estado mínimo", imperou a tese de que a economia global era apenas um cassino onde investidores aplicam seus recursos em qualquer nação que oferecesse lucratividade com taxas de juros e, no momento que desejarem, levariam nações à lona em virtude de ataques especulativos. 

Margareth Thatcher e Ronald Reagan foram os grandes expoentes do neoliberalismo. O Brasil carrega este triste exemplo durante o final dos anos 90 e início do novo milênio com as crises internacionais que obrigou o país a recorrer ao FMI para conter a fuga de capitais.

Já o socialismo, enquanto experiência histórica, revelou boas intenções nos discursos de Lênin, Marx e outros. Mas uma vez dialogando com a realidade de uma Rússia imperial ou de uma Cuba yankee, o que se viu foi a implantação de regimes totalitários que se configuraram como ditadura sobre o proletariado, muitas vezes pior do que uma "ditadura burguesa". Mikhail Gorbachev devia ser canonizado vivo pela Igreja Ortodoxa.

Na China socialista, Deng Xiaoping criou o "socialismo de mercado" em claro sinal de que há algo de errado nas teorias de Marx e Engels, que devem ter tremido em seus túmulos. E de lá para cá, esse país asiático presenciou aumento da renda per capita e redução da miséria (os chineses estão comendo mais miojo) e se tornará em uma década na maior economia do planeta e com renda per capita comparável a de países desenvolvidos.

No atual contexto do capitalismo, diversos países (ex-colônias e alguns países africanos, inclusive) estão tendo a oportunidade de reverter os quadros de miserabilidade de seus povos. Como? através do compromisso do Estado para o desenvolvimento econômico e social. Quando um país tem estabilidade institucional dentro de seu espaço soberano, empresários internacionais se sentirão seguros em aplicar suas divisas em firmas que geram emprego, renda e tira uma população da miséria.  Angola é um exemplo hoje na África.

Por fim, defendo a existência de uma economia de mercado responsável e que o Estado  assuma a bandeira do bem-estar social, aplicando de forma racional e eficiente os recursos que arrecadam em tributos. Nem Estado de mais, nem de menos.

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