terça-feira, 18 de outubro de 2011

Viva ao lixo sonoro que faz nossas vidas medíocres terem algum significado!


O que são as "putas" em nossa literatura masculina machista? Nada mais do que "meros depósitos de espermas" (no plural), instrumentos de diversão e satisfação das vontades sexuais de homens inconformados com a frieza do leito conjugal. 

Para a sociedade cristã são seres errantes e que irão ao inferno quando morrerem, uma vez que interferem na desunião de lares, contribuem para separar o que Deus teria unido em um rito de sacralidade conhecido como "casamento". Mas ainda assim acreditamos que os seres humanos podem se redimir de seus pecados. Bruna Surfistinha é a Maria Madalena da pós-modernidade.

Nas letra de forró, o gênero feminino é retratado sempre de forma depreciativa. Como verdadeiras sex-machines. A subliminar prostituição de corpos é o tema preferido. Podem até serem "explodidas" a qualquer momento, na linguagem figurativa da pena do compositor ou até de fato, pelo ciúme doentio de um adúltero.

Vejamos trecho selecionado de um "sucesso" de Mastruz com leite,  Bomba no Cabaré. 


Jogaram uma bomba, no cabaré...Voou pra todo canto pedaço de mulher
Foi tanto caco de puta voando pra todo lado
Dava pra apanhar de pá, de enxada e de colher![...]
Aí eu juntei tudo e colei bem direitinho fiz uma rapariga mista, agora todo homem quer!


A visão do autor não foi, obviamente, incentivar ninguém a promover atentados terroristas contra estas solícitas criaturas que "animam" a vida de ninfomaníacos. 

Mas fica explícita a desvalorização da condição do ser humano. Não defendo a prostituição, que fique bem claro. Defendo que a liberdade de expressão seja exercida de forma responsável, acredito que a censura pública devia ser mais inflexível contra bandas que promovem a difusão de valores destrutivos em uma sociedade. Nas telas de cinema e nas tv´s, há classificação indicativa.

 Não sou puritanista. Mas é triste ver essas letras sendo cantadas nas bocas de jovens cabeças ocas que seguem o que a letra diz. E para variar, os pais conversam muito pouco com os filhos sobre sexualidade.

E o gênero masculino, como é pintado? Como "raparigueiro", "fodão", "pegador" e principalmente como cachaceiro (sem aspas).

Observe alguns versos da música "beber, cair e levantar":

Vamos simbora
Prum bar
Beber, cair e levantar
Beber, cair e levantar!
Beber, cair e levantar!
Beber, cair!
Beber, cair e levantar!
Cabra safado
Tá na zueira
Só gosta mesmo
É de mulher doideira
Mulher direita
só Riquelme quer
Fica estressado
E até briga com a mulher

Induz ao consumo de álcool em grande quantidade, ao ponto de perder o equilíbrio e lucidez. E depois que terminar de beber a cervejinha ou o "litão"?, é hora de voltar para casa, carregado pelo amigo ou quando não, de carro e dirigindo, claro (isso se antes não bater em uma carreta vindo em sentido oposto ou quando não, estar em risco de atropelar pessoas) Se chegar em seu lar, parabéns. Se não, meus pêsames à viúva.

Homem que é homem não tem que contar quantas ******* "comeu". Pessoas que tornam suas vidas sexuais em um evento público na verdade são inseguras de sua própria sexualidade ou mesmo de personalidade.

Enquanto não escrevo a segunda parte, vou ouvir um "pancadão".

Nenhum comentário: