quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A imprensa precisa repensar suas práticas.

A imprensa britânica foi sacudida este ano com um escândalo de grandes proporções. Telefones de grandes personalidades e de pessoas comuns foram hackeados pelo tabloide sensacionalista News of The World, que pertence ao império de mídia do australiano Rupert Murdoch. 

O mais absurdo desse caso é que o celular de uma garota assassinada chegou a ter seu sigilo quebrado pelo jornal. Mensagens foram apagadas por espiões contratados pelo periódico, dando a sensação de que a mesma estivesse viva para a família. Obviamente, com a perda de credibilidade de uma parte importante de seu comércio de notícias, o magnata das telecomunicações decretou o fechamento do centenário NoW, mas é cedo para dizer se a conduta da imprensa do Reino Unido vai mudar ou não. 

A lista de celebridades supostamente grampeadas é extensa. E pelo visto parece ser uma prática comum por lá. O ator Hugh Grant acusou um grupo de tabloides de usarem táticas intimidadoras para obterem informações que rendam muito dinheiro com a venda de tiragens. E público para isso não falta.

O ator Hugh Grant, astro britânico do cinema, acusa o jornal Mail on Sunday de grampear sua secretária eletrônica. Em depoimento, reclamou do assédio da imprensa à mãe do filho dele, a atriz chinesa Hong Tinglan, que recentemente foi favorecida por uma decisão da Suprema Corte proibindo o assédio contra ela ou sua criança. Anteriormente, o jornal havia negado as acusações de Grant, classificando as alegações de ataques mentirosos movidos pelo ódio dele à mídia  Foto: AFP


Diante destes e de outros fatos aqui não relatados, pois certamente demandaria tempo noticiar as más práticas do ofício do jornalismo ao redor do planeta, discute-se atualmente a regulamentação da mídia. Ela é necessária?

Até onde vai o direito da mídia em invadir a vida pessoal de quem quer que seja? 

No Brasil, não aconteceu nada igual aos escândalos da terra da rainha Elizabeth II (ainda), embora se acusem veículos de comunicação impressos ou de tv´s de cometerem abusos.
A Revista Veja é constantemente acusada de ser contra o PT e de noticiar com ênfase os escândalos que assolam a legenda. Suas matérias bombásticas derrubaram vários ministérios do atual governo. Se há corrupção, tem mesmo que denunciar. Mas quais os interesses ocultos por trás de suas páginas amarelas?

O jornalista Rodrigo Vianna, ex-repórter da Globo acusou a emissora de Roberto Marinho de pressionar sua redação para dar ênfase no embaraço da compra de dossiês contra tucanos na eleição de 2006, o que, segundo ele, beneficiaria o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin contra seu rival, Lula. E em 1989, o Jornal Nacional, principal noticiário da casa foi acusado de fazer uma edição tendenciosa pró-Fernando Collor de um debate que ocorreu ao vivo. 

E a boa informação?

A concentração de emissoras de rádio ou tv nas mãos de políticos e de grandes grupos econômicos é preocupante em nosso país. De que forma isso interfere na qualidade da informação noticiada? É óbvio que a parcialidade será uma marca registrada. Leitor ou telespectador consciente é aquele que não baseia suas opiniões por apenas um meio de comunicação. No Ceará, por exemplo, a família Queiroz reina absoluta. Tem a Tv Verdes Mares como afiliada da Rede Globo, a maior rede de tv do Brasil, além da Tv Diário, que transmite programação local para todo o país. O grupo Jangadeiro de rádio e televisão é do ex-senador e ex-governador Tasso Jereissati. Ele, por sua vez, é casado com Renata Queiroz, filha do industrial Edson Queiroz, ou seja, as duas maiores estações televisivas nas mãos de um só clã!

De sorte, está crescendo as mídias alternativas como os blogs e o jornalismo on line. É a desmassificação da informação. Use o controle remoto com mais assiduidade!

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