sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sobre as Jornadas de Junho.

A Marselhesa, que é o hino nacional francês, tem uma letra carregada de grande simbologia. Foi composta por Rouget de Lisle em 1792, na Primeira República ou República Jacobina. Traz versos impactantes e que despertam em cada um de nós o dever patriótico de lutar contra as tiranias e os tiranos.

Naqueles tempos, os reis eram considerados figuras sagradas. Acreditava-se até que Deus determinava quem estava destinado a mandar e quem deveria obedecer! Os revolucionários do terceiro estamento, que compunha as camadas mais pobres saíram as ruas e gritaram contra o absolutismo do rei e, ao final, ele, sua esposa e seus apoiadores terminaram na guilhotina durante o Terror Robespierriano. Obviamente não queremos que ninguém perda a sua vida nestas mudanças que se ensaiam na vida nacional. Apenas que os corruptos caiam no ostracismo e que respondam por cada centavo desviado.

Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
Contra nós, da tirania
O estandarte ensanguentado se ergueu.
O estandarte ensanguentado se ergueu.
Ouvis nos campos
Rugirem esses ferozes soldados?
Vêm eles até aos nossos braços
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Ague o nosso arado
O que quer essa horda de escravos
de traidores, de reis conjurados?
Para quem (são) esses ignóbeis entraves
Esses grilhões há muito tempo preparados?
Esses grilhões há muito tempo preparados?
Franceses! A vós, ah! que ultraje!
Que comoção deve suscitar!
É a nós que consideram
retornar à antiga escravidão!
O quê! Tais multidões estrangeiras
Fariam a lei em nossos lares!
O quê! Essas falanges mercenárias
Arrasariam os nossos nobres guerreiros
Arrasariam os nossos nobres guerreiros
Grande Deus! Por mãos acorrentadas
Nossas frontes sob o jugo se curvariam
E déspotas vis tornar-se-iam
Os mestres dos nossos destinos!
Tremei, tiranos! e vós pérfidos,
O opróbrio de todos os partidos,
Tremei! vossos projetos parricidas
Vão enfim receber seu preço!
Vão enfim receber seu preço!
Somos todos soldados para vos combater.
Se tombam os nossos jovens heróis
A terra de novo os produz
Contra vós, todos prontos a vos vencer!
Franceses, guerreiros magnânimos,
Levai ou retende os vossos tiros!
Poupai essas tristes vítimas
A contragosto armando-se contra nós.
A contragosto armando-se contra nós.
Mas esses déspotas sanguinários
Mas os cúmplices de Bouillé,
Todos os tigres que, sem piedade,
Rasgam o seio de suas mães!
Amor Sagrado pela Pátria
Conduz, sustém-nos os braços vingativos.
Liberdade, liberdade querida,
Combate com os teus defensores!
Combate com os teus defensores!
Sob as nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes viris!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo, e nós a nossa glória.
(Verso das crianças)
Entraremos na carreira (militar),
Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.
Lá encontraremos suas cinzas
E o resquício das suas virtudes
E o resquício das suas virtudes
Bem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partilhar seus caixões,
Teremos o sublime orgulho
De os vingar ou de os seguir.
Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Ague o nosso arado!

É salutar, em países onde a democracia impera, o livre direito de manifestação de indignação dos povos contra os desmandos, incompetências e más intenções de seus mandatários. A prática da corrupção é uma das marcas características do Brasil. Ela contamina todos os setores da sociedade, dos mais pobres aos mais abastados. E contra ela, milhões em todo o Brasil vão às ruas defender seus pontos de vista. Pacificamente ou não.

Infelizmente, vândalos tentam (sem êxito) corromper a preciosidade da Primavera das ruas. Não conseguirão. É é errôneo considerar que essa agitação toda seja contra o PT ou PSDB. É contra o modelo político e institucional que temos. Este se exauriu. Urge a nação por uma reforma política e judiciária. Particularmente, defendo o fim da reeleição para os poderes legislativo e executivo. O artigo quinto da constituição é violado ao haver foro privilegiado. Isso precisa acabar. Cabe aos três poderes da república refletirem sobre as pautas alencadas pelas vozes das ruas. E principalmente: não podemos deixar esse momento histórico cair no esquecimento.

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