sábado, 16 de junho de 2012

Ainda sobre a conferência Rio+20, o desafio brasileiro.


Um dos grandes desafios que tem a humanidade frente a este século é promover desenvolvimento econômico com inclusão social de parcelas da população mundial outrora marginalizadas pela 'sociedade de consumo'. E esta melhoria desejada do padrão de vida implicaria altíssimos custos ambientais, tendo em vista que a demanda energética e de matéria-prima não renovável teria de crescer em comparativo aos atuais níveis. Urge a necessidade de se promover amplos debates no tocante a alternativas que visem diminuir progressivamente a dependência de hidrocarbonetos.

Como solução emergencial, os governos devem aplicar grande soma de recursos na ampliação do serviço público de transporte, dando-lhe segurança, rapidez e eficiência. É claro que isso afetaria os interesses de fabricantes de veículos, donos de postos de combustíveis e grandes companhias petrolíferas, além do mercado de trabalho que se agrega a esta teia produtiva, sem contar com o próprio Estado, que se beneficia consideravelmente com a arrecadação tributária do setor petrolífero e automotor. Em nosso país, nos últimos anos, recorreu-se a medidas anti-ambientais para se evitar o contágio de nossa economia ascendente por crises externas. Reduziu-se, por exemplo, impostos como IPI e até os juros para o financiamento de veículos. Consequência imediata? A malha urbana dos grandes centros passaram a se habituar com enormes congestionamentos... Intensificou-se então a emissão de gás carbônico na atmosfera, reduzindo a qualidade do ar e a imunidade orgânica das pessoas principalmente nas grandes metrópoles.

Testemunhamos que temos diversificado a nossa matriz energética nas últimas décadas, atraindo grandes investimentos estrangeiros em energias limpas. Ponto positivo. Mas ainda somos campeões em desmatamentos e queimadas. Ponto negativo.  Estamos atrasados no processo de  coleta, seleção e tratamento do lixo residencial e industrial e também é necessário mencionarmos a falta de educação das pessoas, que jogam papéis, garrafas de vidro ou de plástico e sacola nas ruas... A reciclagem não daria conta de tornar reaproveitável todo o nosso lixo produzido, mas diminuiria bastante os impactos na natureza e na vida coletiva das regiões metropolitanas.

A tecnologia que dispomos hoje nos permite abdicar do Petróleo. Não faremos isso antes que se esgotem os suprimentos. Essa dependência desestabilizou geopoliticamente o mundo, levando-nos à  necessidade de importação de países produtores do Oriente Médio. Para manter a oferta, governos ocidentais financiaram ditaduras que entraram ou ameaçam entrar em colapso na atualidade. Uma parte da fúria anti-ocidentalista advém desta relação... O plano de fundo das "primaveras árabes" é o desemprego e carestia dos alimentos. E estas, por sua vez, são oriundas da oscilação dos preços dos combustíveis. Barril a preço de quase cem dólares implica o repasse de ônus ao consumidor. O poder aquisitivo de salários diminui. É provável que esta crise no mercado financeiro reduza o ritmo de crescimento das economias industriais, inclusive da China, dependendo do panorama de estagnação ou recessão na zona do Euro, pondo para baixo a demanda por combustível. A vulnerabilidade desta nação asiática é justamente sua dependência de investimentos e dos mercados ocidentais.

Uma coisa é certa: é preciso encontrar um ponto de equilíbrio.

Um comentário:

Karline Batista disse...

Assertivamente, você expôs um dos problemas mundiais pouco debatidos. O ocidente financia ditaduras,escravização e exploração de menores. Concerne a urgência em investimentos a fim de desenvolver produtos sustentáveis e isto deve começar com mais dinheiro para financiar todas as etapas da Educação. Acredito sinceramente que o Brasil está interessando em sustentar-se através economia verde mas até que ele entre de cabeça isso serão outros 500.