Uma das vilãs mais lembradas da teledramaturgia brasileira é Odete Roitman, de Vale Tudo, novela exibida pela Tv Globo entre 1988 e 1989. Retrata bem o que era o nosso país naquele fervilhante contexto de nascimento de nossa democracia e o que ainda continuamos sendo nos dias atuais.
Protagonizada pela atriz Beatriz Segall, a personagem destilou racismos dos mais variados, porém expressa com grande definição o abismo que há entre riqueza e pobreza no Brasil. Algumas de suas "pérolas" servem de reflexão para o destino que queremos dar a nossa pátria. Selecionei duas delas e fiz a cada uma, pequena (rs) reflexão.
Eu não concordo que o povo seja preguiçoso, Odete. O mercado de pessoas em busca de ocupação cresce a cada ano e algumas destas, pelo fato de não acharem uma oportunidade de emprego que lhes permitam viver com dignidade, caminham para o subemprego e criminalidade. Os altos impostos causam efeito nocivo em nossa economia, aumentando a informalidade e inibindo a formação de pequenos e médios negócios. O Brasil tem crescido economicamente e tem diminuído os índices gerais de pobreza extrema, ao qual milhões de pessoas migraram para a classe média a partir de meados da década passada, porém somos a lanterninha dos BRIC's (sigla criada pelo banco Goldman Sachs, com as iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China). Temos grandes potenciais, aos quais precisamos melhor explorá-los. Não temos mais desordens inflacionárias e os juros estão em queda. Recorde histórico. Hoje, fala-se de crises econômicas, mas na Europa. O Brasil, apesar da alta carga tributária e relevante grau de corruptibilidade das instituições, é um grande destinatário de investimentos externos. Precisamos unicamente de moralização e eficiência do poder público e de uma opinião geral desfavorável a qualquer postura que se traduza em privilégios ilegais a quem se serve do poder em prejuízo de toda uma sociedade. O Brasil tem jeito sim. Por que não protagonizarmos o retorno dos "caras-pintadas" contra todos os gestores públicos que seguem o exemplo de Collor atualmente?
Odete, jamais veríamos Lalaus, Georginas, Maluf's ou Carlinhos Cachoeiras perdendo suas mãozinhas na guilhotina. Um ladrão de galinha, rouba uma galinha e prejudica unicamente ao dono do galinheiro. Um ladrão de dinheiro público rouba a vida de vários seres humanos, já que o dinheiro arrecadado em impostos poderia ter servido, se bem aplicado, para oferecer um bom atendimento no serviço público de saúde a quem dele precisar, evitando óbito de pacientes do SUS que não tem renda suficiente sequer para custear suas despesas pessoais com alimentação, o que dirá em pagar plano hospitalar... A violência é um reflexo da marginalização social advinda de agentes corruptos que parasitam das instituições do poder público.
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