domingo, 29 de dezembro de 2013

Billy e a verdade que incomoda à maioria dos brasileiros. Sinto muito, mas ela deve ser dita.

Nenhuma pessoa de bom senso é contra a ascensão social de pessoas oriundas das classes desprovidas de meios de sobrevivência material. A miséria incomoda, levando intelectuais e agentes governamentais a teorizar possíveis soluções para ela. No Brasil, como resposta a essa realidade, se cristalizou a tese de que cabe ao Estado intervir para minimizar (ou solucionar) estas disparidades, através da imposição de uma política tributária taxativa e distributiva que batizo de um tupiniquim "complexo de Robin Wood" de eficácia duvidável. Expropria grandes somas dos setores mais abastados da sociedade (classe média e empresariado) e os transferem por meio de bolsas e outros proventos aos mais pobres, sem exigir destes contrapartidas ou mesmo oferecer oportunidades de inserção deles no mercado de trabalho, uma verdadeira apologia ao ócio. Aliás, o Bolsa-Família tem servido até mesmo para diminuir as diferenças entre as espécies. Veja um trecho da seguinte notícia que foi divulgada em vários veículos da imprensa nacional:
Billy, um gato com 4 anos de idade, foi cadastrado no Bolsa-Família como Billy da Silva Rosa, e recebeu durante sete meses o benefício do governo, R$ 20 por mês. A descoberta ocorreu quando o agente de saúde Almiro dos Reis Pereira foi até a casa do bichano convocá-lo para a pesagem no posto de saúde, conforme exige o programa no caso de crianças: "Mas o Billy é meu gato", disse a dona da casa ao agente. VEJA AQUI COMPLETA
Particularmente, creio ser a melhor política social a que gera o desenvolvimento das forças produtivas e elevação da renda e empregos, permitindo aos desvalidos oportunidades não apenas de se integrarem à sociedade de consumo e prover-se materialmente, mas sobretudo dar a si autonomia intelectual que não lhe façam "pensar com a barriga".Uma democracia efetiva é aquela onde o indivíduo não condiciona suas necessidades pessoais de subsistência à paternalismos dos grupos político-ideológicos que se apropriam das instituições governamentais. 

Impressiona-me a aversão quase generalizada que há no Brasil à cultura do enriquecer por meio lícito e da livre-iniciativa. Desvaloriza-se o trabalho, o estudo, a poupança e o investimento como forma de acumulação de capital.  Quem consegue tal proeza é alvo de invejas e depreciações. E parcela notável do empresariado nacional se subordina à tutela do Leviatã para obter créditos do BNDES e de outros bancos estatais. 

O sonho de riqueza fácil leva milhões a engordarem os cofres da Loteria Federal, ignorando a baixíssima probabilidade se se atingir a sorte grande. Ainda mais em época de fim de ano, com a Megasena da Virada. Paradoxalmente, isso entra em conflito com a própria mentalidade coletiva, onde prevalece a concepção religiosa que afirma que rico não vai para o céu.

A maior parte dos brasileiros transfere para o plano metafísico (ou espiritual) as responsabilidades e iniciativas que deveriam caber a nós, humanos. A ineficiência dos serviços públicos faz com que muitos recorram à fanatismos e penitências em busca de benefícios da divindade. Em alguns casos, essa relação beira à chantagem. E para agravar esta cosmovisão primitivista, é de costume se endeusar lideranças políticas que dizem advogar os interesses dos mais humildes, ignorando seus defeitos morais evidentes e a hipocrisia de seus discursos. Se estas mesmas pessoas exercessem de um maior posicionamento crítico diante das problemáticas que vivenciam e não se subordinassem à corrupção passiva em épocas de eleição, certamente os gestores se veriam forçados a serem racionais e transparentes quanto ao gasto público, tendo como meta a eficiência.

Os pobres devem se valer dos instrumentos que a Legislação lhes conferem para terem melhores condições de vida. Hoje, há a democratização do ensino público e expansão de vagas em ensino superior e tecnológico. Cabem a eles se qualificarem, para que não se vejam a ter de depender da piedade dos outros. Há uma carência grande de profissionais de várias áreas, o que se configura como um gargalo para a evolução de nossa industrialização.

Pobreza material não simboliza riqueza moral e espiritual. Dinheiro em si não traz felicidade, é fato, mas inúmeras mazelas advém de sua ausência. O foco dos planejamentos governamentais deve ser o de criar condições econômicas que favoreçam a prosperidade. E é preciso que a base da sociedade a deseje. Louvável (e incompreendida) a iniciativa do presidente Cardoso em iniciar a desestatização do Estado, porém o processo não obteve andamento por parte de seus sucessores.

Concluo dizendo que é preciso vivenciar a individualidade sem individualismo. A Constitucionalidade e solidez das instituições democráticas. É preciso repensar os valores morais que comungamos.

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